quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A Wolf at the Door

"I keep the wolf from the door
But he calls me up
Calls me on the phone
Tells me all the ways that he's gonna mess me up"


Radiohead - A wolf at the door



Só preciso de uns dias de sono profundo.




terça-feira, 27 de agosto de 2013

Textinho bobo de quem fala muito e ama sem retorno

Eu amo demais. Eu falo demais também. Talvez por ser uma apaixonada sem limites pelas palavras, lidas, contadas, sentidas, expostas, encolhidas, respiradas. Mas palavras só existem quando costuradas por ondas sonoras ou desenhadas no papel em branco. Ou como mágica, dedilhadas no clec clec do teclado. Na mente, elas são só retalhos de imaginação; stratus querendo virar cumulus nimbus. Pois bem. Não sei se amo mais do que falo ou se falo mais do que amo. Mas me ensinaram a não falar tanto, que palavras saturam, cansam, enjoam, estragam. A manter a magia do silêncio, invólucro misterioso do sentir. A trocar o falar por sorrir, a amar mais e falar menos. Mas é com palavras que o amor transborda de mim - dói mantê-lo quietinho no peito. Amor trancado no peito é passarinho na gaiola, é sapato apertado. Então eu derramo esse amor na tela em branco, deixo-o guardado fora de mim. E vou adoçando, colherada por colherada, pra não estragar a receita. E eu espero que palavras retornem, enfim. Fico na janela esperando meu pombo correio voltar cheio de novidades, mas ele nem sempre vem. Às vezes ele vem de manhãzinha me visitar, junto com o sol nascente, trazendo boas novas e tornando doce o resto do dia. Outras vezes, passam-se dias e dias sem que eu receba uma linha. Muitas vezes acho que ele esqueceu o caminho de casa, quebrou a asa, que nunca mais vai voltar. E, exausta, digo: desisto! A partir de agora, nem clec clec, nem resc resc, nem blá blá blá. Vou pra cama resoluta, prometendo seguir muda. E cumpro a promessa até acordar.





segunda-feira, 19 de agosto de 2013

"Deste modo, cheio de pensamentos e ressonâncias musicais, com o coração carregado de tristeza e de desesperados anseios de vida, de realidade, de sentido, de tudo o que havia perdido e não podia mais recuperar, cheguei por fim à casa, subi minha escada, acendi a luz do quarto de estudos e tentei em vão ler um pouco, pensei no encontro que havia marcado para amanhã à tarde no Cecil-Bar, e senti rancor não só contra mim mesmo, como também contra Hermínia. Embora pensasse bem e fosse bondosa, embora fosse um ser maravilhoso, podia ter feito melhor se me deixasse perecer em vez de me haver arrastado a este mundo confuso, estranho, agitado, no qual sempre seria um estrangeiro e onde o que eu tinha de melhor se havia rebaixado e sofria amargamente."

O Lobo da Estepe




sábado, 17 de agosto de 2013

"Não te soltarei enquanto não me abençoares."

Eram as palavras da luta de Jacó com o anjo: "Não te soltarei enquanto não me abençoares."

Demian, Hermann Hesse

Delacroix, "Luta de Jacó com o Anjo"


O trecho bíblico da luta de Jacó com o anjo sempre me intrigou. Para mim, ele representa a luta solitária pela iluminação. É a árdua batalha travada pelo "exército de um homem só". Ele me lembra de perder menos tempo julgando, exigindo, esperando dos outros, quando no final cada um carrega sozinho seu fardo. É somente entre mim e Deus.