Eu amo demais. Eu falo demais
também. Talvez por ser uma apaixonada sem limites pelas palavras, lidas, contadas, sentidas, expostas, encolhidas, respiradas. Mas palavras só existem quando costuradas por ondas sonoras ou desenhadas no papel em branco. Ou como mágica, dedilhadas no clec clec do teclado. Na mente, elas são só retalhos de imaginação; stratus querendo virar cumulus nimbus. Pois bem. Não sei se amo mais do que falo ou se falo mais do que amo. Mas me
ensinaram a não falar tanto, que palavras saturam, cansam, enjoam, estragam. A
manter a magia do silêncio, invólucro misterioso do sentir. A trocar o falar
por sorrir, a amar mais e falar menos. Mas é com palavras que o amor transborda
de mim - dói mantê-lo quietinho no peito. Amor trancado no peito é passarinho
na gaiola, é sapato apertado. Então eu derramo esse amor na tela em branco,
deixo-o guardado fora de mim. E vou adoçando, colherada por colherada, pra não
estragar a receita. E eu espero que palavras retornem, enfim. Fico na janela esperando meu pombo correio voltar cheio de novidades, mas ele nem sempre vem. Às vezes ele vem de manhãzinha me visitar, junto com o sol nascente, trazendo boas novas e tornando doce o resto do dia. Outras vezes, passam-se dias e dias sem que eu receba uma linha. Muitas vezes acho que ele esqueceu o caminho de casa, quebrou a asa, que nunca mais vai voltar. E, exausta, digo: desisto! A partir de agora, nem clec clec, nem resc resc, nem blá blá blá. Vou pra cama resoluta, prometendo seguir muda. E cumpro a promessa até acordar.
E posso dizer que sou apaixonada pela paixão que você transmite ao escrever.
ResponderExcluir"Guardar lá dentro amor não impede que ele empedre mesmo crendo-se infinito. Tornar o amor real é expulsá-lo de você, pra que ele possa ser de alguém!"
Beijoo, não deixe de escrever.
jogo nesse time!
ResponderExcluire, relativo à música citada no comentário acima, do nando reis, é minha preferida!
então...