E já que a gente sempre arruma
tempo pra se lamentar, deixa eu contar sobre como tenho sido feliz. Minhas
férias prolongadas têm me feito um bem enorme – apesar de sentir
muita saudade das pessoas do navio. Eu estou tão leve e feliz que vou até
usar um vestido longo e colorido e vou ao banco desbloquear meu cartão, coisa
que eu não conseguia fazer há mais de um mês. Estou possuída pelo otimismo do
Strangeland e preparada pra drag my heart
up to the starting line, acreditando que
the day will come e having faith in
brighter days. Afinal, se até o Keane resolveu ver o lado positivo das
coisas, minha gente, quem sou eu pra ficar pra trás.
E alguém pode querer perguntar a
quem ou a que se deve tanta alegria, e eu só posso responder: à minha forma de encarar as coisas. Mais um passo na escalada desse Everest chamado autoconhecimento.
Não que não tenham aparecido pessoas lindas na minha vida de uma hora pra outra,
não que as coisas não estejam dando certo. Não que eu também não tenha uma certa
admiração pelos dias tristes e introspectivos. E não que eu esteja feliz e
satisfeita o tempo todo, e que as pessoas me admirem pela minha paz e complacência
fora do comum.
Eu andava até preocupada porque
alguém ou alguns me chamaram de louca e estressada há uns dias atrás. Eu que
sou lerdinha e falo devagar, achei que o título não combinava comigo, então fui
pesquisar o porquê de eu estar agindo assim. Então eu me perdoei logo em seguida,
porque vi que não há como falar devagar e calmamente com alguém que faz algo que
te incomoda profundamente – até deveria ser o certo, mas eu ainda não evoluí a
esse ponto. Se eu vir alguém, por exemplo, maltratando um animal, vou voar como
louca desvairada no pescoço. Acho cabível.
Não que tenha sido isso que tenha me
motivado a perder a paciência por esses dias – na certa alguém me pediu pra repetir
algo que eu tinha falado por mais de 3 vezes, ou tenha rolado simplesmente um
desrespeitozinho. Eu me perdoei,
mas tenho como objetivo me controlar e fazer a fina frente às atrocidades do
dia-a-dia, numa calma no estilo monge tibetano, porque as pessoas vão continuar agindo errado
com a maior cara-de-pau e você que sai como a descontrolada da história. Cada qual com a sua
evolução, que a minha já me dá trabalho demais. Modo lerda, ativar.
O problema é quando esses
aborrecimentos corriqueiros te arrastam pra um estado de letargia tamanha que te
cegam, e você vê o problema na xícara de café, na parede do banheiro, na página
do livro que está lendo; enfim, tudo perde a forma e fica com a cara antipática
do infortúnio. Como isso não me pertence mais, e
como eu tenho me admirado orgulhosa com a forma como eu tenho enfrentado as coisas
– que continuam com seus altos e baixos de praxe – eu tenho visto muito mais do
que problemas nos dias. Tenho visto café na xícara de café, parede na parede e
história no livro.
Ontem, por exemplo, eu fui correr na beira da lagoa e
percebi espantada aquela beleza toda à minha volta como se fosse a primeira vez,
e olha que eu corro ali praticamente todo santo dia. Eu percebi um degradê no
céu, que ia do azul ao amarelo, passando pelo rosa e laranja, que me fez
diminuir o ritmo da corrida só pra demorar mais ali. Não teve jeito, tive que
correr todo o trajeto de novo pra aproveitar até o último raio de sol. Estava
eu ali, ouvindo música, disposta, correndo na beira da lagoa às 5 da tarde. Não havia
ficado rica, não tinha conseguido o emprego dos sonhos, não tinha encontrado o
homem da minha vida (ou tinha e não sabia) mas era a pessoa mais feliz que eu
podia ser.
E pode ser que a vida não me seja
tão gentil daqui pra frente. Independente disso, eu vou lembrar que houve um dia
em que eu percebi o degradê do azul ao amarelo do céu num fim de tarde, e que encontrei
a felicidade ali. Que ela é um sentimento entre tantos outros, e não está num
objetivo, não é estática, mas está escondida nos dias, e pode ser achada no dia
mais comum de julho. Simples assim.
Querida! Lindo post! A felicidade realmente se enconde dos olhos dos tolos e é achada nos lugares mais simples! Fico muito feliz em saber que você está aprendendo a procurar nos lugares certos!
ResponderExcluirQue essa Estação de cores, alegrias e auto descobertas, dure longamente!
Beijão!
John Lennon falou uma vez que "A vida é aquilo que acontece enquanto você está planejando o futuro". Acho que, da mesma forma, a felicidade é o momento que você repara a vida acontecendo, seja porque algo incrível te aconteceu, ou (como no caso do blog) porque você simplesmente parou pra prestar atenção.
ResponderExcluirGetting better all the time! ;)
" Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho. " - Mahatma Gandhi
ResponderExcluirLindo texto Mariana !!!
Acorde a felicidade. Ela tem sono leve!
ResponderExcluirPe Fábio de Melo