quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Sobre leitura digital e Eliane Brum

Tenho lido muito pelo celular. Faço questão de ter uma tela gigante, o que facilita bastante a empreitada. Longe do ideal, eu sei, mas poder carregar trocentos livros num aparelhinho que cabe na palma da mão, podendo adaptar o tamanho da fonte e a luz da tela pra qualquer ambiente e situação é o que há de mais prático pra quem vive pra cima e pra baixo como eu. Leio na academia, e lá se vão pesados 30 minutos de exercício como se fossem 30 segundos. Leio nas pausas no trabalho, e quando eu vejo já li 3 livros em 1 semana. E foi nessa onda de devoradora voraz de e-books que eu descobri a Eliane Brum. Li a biografia dela, "Meus Desacontecimentos", disponível no Kindle Unlimited da Amazon, e fiquei apaixonada. Achei parecido com o jeito que eu gosto de escrever, com expressões cheias de significados e transbordando poesia como "um medo ainda sem vogais e sem consoantes" e "domingos cheios de dentes". 

Separei alguns trechos do livro para abrir o apetite literário de quem também se interessa pelo estilo:

"Da infância, somos todos sobreviventes."

"Cabelos castanhos com ondas suaves batendo na praia dos ombros."

"Como todos que se sabem frágeis, Lili ocultava sua delicadeza para que não a adivinhassem quebrável."

"Não sou capaz de esconder sentimentos, o que faz de mim uma aleijada social. O que vivo escapa pelos meus olhos."

"Aprendi ali que ninguém é substituível. Alguns se tornam substituíveis ao se deixar reduzir a apertador de parafusos da máquina do mundo. Alienam-se do seu mistério, esquecem-se de que cada um é arranjo único e irrepetível na vastidão do universo. Quando a alma estala fingem não saber de onde vem a dor. Então engolem a última droga da indústria farmacêutica para silenciar suas porções ainda vivas."

Prometo ler os outros dela e vir aqui pra contar. 


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