quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Ship of fools


"A água e a navegação têm realmente esse papel. Fechado no navio, de onde não se escapa, o louco é entregue ao rio de mil braços, ao mar de mil caminhos, a essa grande incerteza exterior a tudo. É um prisioneiro no meio da mais livre, da mais aberta das estradas: solidamente acorrentado à infinita encruzilhada. É o Passageiro por excelência, isto é, o prisioneiro da passagem. E a terra à qual aportará não é conhecida, assim como não se sabe, quando desembarca, de que terra vem. Sua única verdade e sua única pátria são essa extensão estéril entre duas terras que não lhe podem pertencer."

Foucault, A História da Loucura na Idade Clássica (1964).

E eu lendo isso daqui do navio. Nada mais oportuno.


A Nave dos Loucos, Hieronymus Bosch


Nenhum comentário:

Postar um comentário