terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Quase um ano depois da última postagem. Um ano depois de um carnaval que era feliz de verdade, que não carregava a sombra de uma tragédia. Em que não precisava desviar o pensamento toda hora do pior para não roubar a alegria de quem estava em volta. Mas eu prometo que vou voltar a escrever. Porque ele gostava de me ler, cobrava postagens no blog, contava os dias. Mas se esgotou o tempo em que eu poderia dizer alguma coisa para ele, qualquer coisa, e eu me sinto uma estúpida por ter parado de escrever por tanto tempo. Por ter deixado tantas coisas de lado. Por ter deixado as novas marés da vida me carregarem pra longe de gente que importa muito, com as quais compartilho algo que não sei o nome, mas que é de uma preciosidade única. Ele era uma dessas pessoas. Dessas que você reconhece pela vida de não se sabe onde, e que não se acha fácil por aí.

Nosso tempo é curto, e enquanto eu lamento a perda de alguns amigos, eu estou deixando de aproveitar ao lado de gente que ainda está por aqui. A verdade é que é preciso amar as pessoas como se o navio em que elas trabalham fosse explodir numa quarta-feira qualquer. Porque se você parar pra pensar...


Um comentário:

  1. Fico feliz de voltar a ler suas palavras... fico feliz porque você é alguém que admirei antes de "conhecer", reconheci nas suas palavras uma sinceridade que também me transborda, mesmo quando incomoda, além de uma alma que me encanta e me atrai.
    Já tive uma perda trágica na minha infância, quase adolescência, e doeu demais para a menina de 11 anos que eu era. A minha tia era mais chegada a mim que minha própria mãe e ainda hoje me lembro do som da sua voz, do estalar da bicicleta dela quando adentrava o portão da minha casa nos fins de semana pra me buscar, de alguns conselhos que só pude entender muito depois de perdê-la... às vezes sinto até seu cheiro, de repente, do nada.
    A vida não acaba com a morte, tenho plena convicção do que digo. A minha tia vive em mim, nas minhas atitudes, emoções, decisões... aquele amor me ilumina quando mais preciso, mesmo quando não espero.
    Sei que esse amor e esse tempo te acompanharão sempre, somos feitos disso. O que há de maior neste universo não é visível ou palpável, é essência. Pode ser um dia nublado, um presente que você guardou, ou a direção do vento a mudar, mas ele vai se mostrar. Vai te mostrar que o que morre é o corpo e que nós vamos além, somos mais do que supomos.
    Você é importante pra mim, me faz bem ler o que escreve e me agrada muito saber que você existe, com sua nobreza de coração, de espírito. Sinta-se privilegiada por ter o dom de criar esses elos invisíveis, isso é muito mais real do que muita coisa que vemos todos os dias.
    Um beijo, Mari.

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