quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Liebe ohne gegen-Liebe

Um dos propósitos de escrever aqui, além de prover a humanidade de trechos de livros ótimos e dividir com ela a dor e a delícia de ser o que eu sou (afff que mania de grandeza! hahaha) é formar um banco de dados de textos e memórias para eu mesma reler mais tarde e recordar, já que eu deletei meu fotolog, o Transatlanticism, há um tempo atrás. Ai, se arrependimento matasse! D:


Mas enfim... sigamos. No more regrets. Ontem à noite peguei um livro pra ler e qual não foi minha surpresa quando achei uma já esquecida dedicatória na primeira página que dizia assim:



Mary,


Que este livro lhe traga momentos de paz e meditação, lembrando que o amor incondicional a todas as pessoas é o único caminho. "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo".


Essa linda dedicatória (da pessoa mais especial do mundo, diga-se de passagem) me remete ao capítulo mais lindo e cheio de significados de todos os livros que eu já li, que é o 22 da Valsa dos Adeuses do Kundera. É um capítulo de duas páginas, curtinho, e tem que ler na íntegra pra amar. Mas aqui vai um trechinho:



O garoto de grandes óculos estava de pé contra a janela, como que petrificado, o olhar fixo no lago. E Jakub entendeu que o garoto estava ali à toa, que não era culpado de nada, e que tinha vindo ao mundo, para sempre, com olhos doentes. E pensou ainda que aquilo de que não gostava nos outros era alguma coisa de gratuito, aquilo com o que vinham ao mundo e que carregavam consigo como uma grade pesada. E sentiu que não tinha nenhum direito privilegiado à grandeza de alma e que a suprema grandeza de alma era amar os homens mesmo que fossem assassinos.


O amor incondicional... o Liebe ohne gegen-Liebe, ou o amor sem esperar retribuição. Como ainda estou distante disso! A causa de muito sofrimento ainda é a nossa ignorância. Mas ainda que me perca às vezes por outros caminhos, eu sei qual é o caminho certo.


A jornada ainda é longa e árdua, mas eu vejo o farol.



Vou voltar pra cama talvez. Dia de chuva, dia de ler. Talvez role um rugby mais tarde pra animar.



A foto foi tirada no Trem da Morte, em algum lugar em meio ao longo trajeto de 26h de viagem, na Bolívia.

3 comentários:

  1. Nossa....obrigado por me surpreender... O texto ficou ótimo! :)
    Se há algum propósito definido para cada ser humano, na minha opinião seria esse: o ágape! O amor incondicional. Sim, estamos longe disso e o sistema só nos lança para cada vez mais distante. Mas o importante é caminhar sempre! E a foto... Muito bem escolhida! Ainda quero pegar este trem...
    Continue firme e escrevendo bastante, querida!
    Bjs!

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  2. Que lindo esse fragmento de texto Mari.
    E acho que todos nós estamos mesmo distantes disso. O importante é nunca desistirmos de nós mesmos.

    Você sempre escreveu, escreve e se comunica muito bem.
    Seu blog vai consistir em pedacinhos deliciosos de histórias e cotidiano.
    Beijos, Lud.

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