quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A conta-gotas

Alegria a conta-gotas é melhor do que alegria nenhuma, certo? E foi olhando pela janela que hoje ela me assaltou: ela, que tão parca nos dias anteriores, hoje transbordou do meu peito e me trouxe de volta à vida. Ela, que andava tão pouca, hoje se fez presente. Sublime.

“Mesmo a mais infeliz das existências tem os seus momentos luminosos e suas pequenas flores de ventura a brotar entre a areia e as pedras.”*

Chego em casa tarde da noite, sento em frente ao computador, mordo uma barrinha de cereal insossa e penso na minha resolução de ano velho: lutar pela minha felicidade, doa a quem doer. Não vou deixá-la escapar dessa vez. E para isso, 7 regrinhas mágicas:

Regra nº 1: Não depositar minha alegria na mão de uma só coisa/pessoa, mas espalhá-la por aí. Um pouquinho em cada canto, pra quando eu perdê-la ser mais fácil de achar. Supresa escondida sabe-se bem onde.

Regra nº 2: Pensar menos, viver mais. Por mais que a bendita intuição diga o contrário, esperar e deixar as coisas acontecerem. Paciência, menina!

Regra nº 3: Confiar mais em Deus. No final chego sempre à conclusão de que a vida se encarregou do melhor caminho, mesmo enquanto eu sofria loucamente por antecipação ou achava saber o caminho certo. Besteira. O rio sempre segue o seu curso. O que tiver que ser, que seja! 

Regra nº 4: Amar mais as pessoas, incondicionalmente. A atendente impaciente, o guarda mal-educado, a mãe num dia ruim. Retribuir todas as grosserias com um grito de 90 decibéis muita gentileza e interferir no ciclo dos maus tratos positivamente.

Regra nº 5: Meditar mais. Parar, respirar fundo e pensar em nada, mesmo no meio da tempestade. Escapar e voltar revigorada. Re-voltar, enfim, sempre que necessário.

Regra nº 6: Usar as roupas estranhas e a maquiagem maluca que eu tenho vontade. Parece bobagem, mas essa regra é tão importante quanto as outras cinco e sozinha costuma me deixar bem feliz.

Regra nº 7: Guardar as seis regrinhas anteriores no bolso e tirá-las sempre que preciso. Sempre. Há de ser um desses mistérios da vida que se tenha que repetir o óbvio mil vezes para que ele não seja esquecido.

Amanhã vou procurar um canto remoto do planeta, me isolar e procurar me reconciliar com a vida. Sem computador, sem telefone. Usarei uma roupa maluca e uma maquiagem pior ainda. Apenas eu e uma paisagem, em silêncio, em paz. E a gente vai se bastar. Ah, vai!


*trecho de "O Lobo da Estepe", Hermann Hesse.

Um comentário:

  1. Oh, vejo que tivemos um momento iluminado ontem!
    Desejo sempre que você consiga se renovar e se reencontrar.
    Até pq, se perder faz parte do ciclo. Mas se achar é um processo maravilhoso!
    Have brilliant times, sweety!

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